Começaremos a estudar todo o documento Sacrosanctum Concilium em nosso Blog, confira:
A
genêsis da Constituição situada em seu contexto histórico. A “Sacrosanctum
Concilium”não é uma obra do acaso. É o coroamento dos esforços de empenhados
liturgistas e pastoralistas oriundos do movimento litúrgico. É dentro do
horizonte de compreensão de todo o dinamismo e riquezas das pesquisas
teológicas e pastorais oriundas do Movimento Litúrgico, iniciados muitos anos
antes do Concílio Vaticano II e que,
tomaria vulto, logo após a segunda guerra mundial, ultrapassando os limites da
Europa, onde tinha nascido, é que podemos situar todas a riqueza e força
dinamizadora da Constituição Sacrosanctum Concilium, que trata da reforma e
incremento da Liturgia na vida da Igreja.
É
preciso situá-la também no dinamismo do espírito que permeia o Concílio
Vaticano II, muito bem formulado no primeiro número do proêmio da Constituião
Sacrosanctum Concilium, originando o nome da Constituição.
O Sacrossanto Concílio propõe:
-fomentar
sempre mais a vida cristã entre os fiéis;
-acomodar
melhor às necessidades de nossa época as instituições que são suscetíveis de
mudanças;
-favorecer
tudo o que possa contribuir para a união dos que creem em Cristo;
-promover
tudo o que conduz ao chamamento de todos ao seio da Igreja. Por isso, julga ser
seu dever de modo especial da reforma e do incremento da Liturgia.
O primeiro projeto do documento foi
apresentado logo no início do Concílio, já em outubro de 1962, após a rejeição
total do esquema sobre a Igreja. Debatido na 3ª à 8ª Congregação geral, foi
ementado e votado pelos Padres Conciliares durante a segunda sessão do Concílio
em 1963. Na 73ª Congregação Geral (22-11- 1962) o esquema foi aprovado por 2158
e 19 contra. Na sessão solene de 14 de dezembro de 1963, presidida pelo Papa
Paulo VI recebeu apenas quatro sufrágios (votação) negativos e 2147 votos de
aprovação, foi, então, promulgada pelo Papa Paulo VI como primeiro documento
aprovado pelo Concílio Vaticano II.
a)
Sacrosanctum
Concilium, fruto de 50 anos de esforços dos Movimentos Litúrgicos.
Estamos
nas primeiras décadas do século XX, onde se percebe uma inquietude relacionada
com a dinâmica do culto cristão que, pelas circunstâncias históricas, havia se
tornado algo estático, profundamente jurídico rubricista, não correspondendo
mais com os anseios de uma espiritualidade que buscava na liturgia sua fonte e
seu alimento.
Assim o Movimento Litúrgico nasce a
partir de dois grandes paradigmas: o culto como fonte de espiritualidade cristã
e uma busca de voltar às fontes, (no culto da Igreja dos três primeiros
séculos).
Os primórdios do Movimento
Litúrgico. Os primeiros e decisivos passos nessa nova linha foram dados,
sobretudo na Bélgica, berço do Movimento itúrgico. Encontrando seu nascimento
num ambiente monástico de Maredsous e de Mont-César (Lovaina). Pode-se
determinar o dia em que este movimento litúrgico deixou de ser uma corrente
clandestina, para se tornar visível e reconhecível aos olhos de todos. Tudo o
que se seguiu não foi mais do que o desenvolvimento consequente desse início
feliz.
Trata-se do dia 23 de Setembro de
1909, com o Congrês National des Ouvres Catholiques em Malines (Bélgica)
Pode-se afirmar que, tudo o que se
seguir posteriormente, até o começo da primeira guerra mundial, nada mais senão
o desenvolvimento deste feliz início, que se afirmava cada vez mais, por meio
de intensa atividade relacionada com a atividade com a liturgia na Bélgica. Vai
nascer e se intensificar cada vez mais as famosas “Semaines et conférences
liturgiques”, promovidas pelos monges da abadia de Mont- César e com o
aparecimento das grandes revistas litúrgicas.
O movimento estendeu-se também para
a Alemanha, nas abadias de Beuron e Maria Laach, onde se encontraram o abade
Herwegen e seus monges Mohlberg e Odo Casel, com o sacerdote ítalo-alemão
Romano Guardini que, a partir de 1918 farão surgir as grandes coleções de
estudos relacionados com a liturgia, dentre essas coleções destaca-se a Eclesia orans.
A França, onde o movimento litúrgico
nascido na Bélgica, encontra o seu primeiro impulso, este movimento deu
nascimento a trabalhos científicos de relevante valor que alcança até nossos
dias. Com os monges de Solesmes, as grandes publicações como Dictionaire
d’Archéologie et de Liturgie (DACL 1907-1953) É na França que vai existir o
empenho prático-pastoral dos estudos litúrgicos, como a famosa enciclopédia
liturgie de R, Aigrain.
No
ano de 1943 nasce o Centro de Pastoral Litúrgico (CPL), onde convergem homens
de acentuada personalidade e experiência, provenientes do clero secular como do
clero religioso, animados por um fecundo dinamismo. Eles serão os que darão
início a valiosas obras, tais como, a revista La-Miason-Dieu,que logo adquiriu
fala mundial, chegando até nossos dias,a coleção de estudos do CPL, que logo se
tornaria CNPL que funda o Institut Superieur de Liturgie, junto ao Institut Catholique
de Paris, visando preparar mestre na ciência litúrgica, com uma orientação
essencialmente teológico-pastoral da Liturgia.
É
em nome da Liturgia que agora França e Alemanha, duas nações marcadas por
rivalidades, iniciam uma mútua colaboração e ação comum, que resultará nos
encontros litúrgicos internacionais, que adquirirão importância cada vez maior:
Maria Laach, Lovaina, Montserrat, até chegar no ano de 1956 com grande
Congresso Litúrgico-pastoral de Assis, contando com apresença do Papa Pio XII.
Continuaremos...
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