Resumo Livro Sacramentos na minha vida de Bruno Forte


INTRODUÇÃO
Ser cristão significa aderir ao Deus de Jesus Cristo buscando vivenciar a esperança e a caridade com o seu amor em nós.

ONDE É QUE DEUS HABITA?
Muitas vezes perguntamos onde Deus habita e quais as consequências do seu amor em nós ou como descobriremos a vontade de viver e de sermos profundamente humanos? Onde nós nascidos no tempo podemos renascer para uma vida que não conhece ocaso? A todas essas perguntas a fé da Igreja responde e aponta alguns eventos em que a graça do eterno nos é oferecida: os sacramentos, lugares do encontro com Deus.
A Palavra Sacramento provém do latim, em que era usado no sentido de juramento de fidelidade (sacramentum). Quando a Bíblia foi traduzida principalmente com São Paulo visualizamos esse termo ser traduzido por mistério que designa o plano divino da Salvação. Desta forma, o Mistério-Sacramento, vem expressar o encontro de aliança que se realiza na história com a iniciativa de Deus e a acolhida do homem. O Senhor se adapta às nossas dimensões, a fim de nos elevar às dimensões desmedidas do seu amor.
Nesse encontro um papel importante é o do corpo que é atingido pela graça divina, é nele que os gestos e sinais se manifestam. Deus nos mostra toda a grandiosidade humana através do corpo. Os sacramentos eles são designados como sinais eficazes da graça; pois, cada evento sacramental (o sinal) como a vida divina oferecida através deles aos seres humanos pelo Eterno (a graça). Esta fórmula mostra o relacionamento transformador entre Deus e o ser humano mediante a celebração de cada sacramento (a eficácia).
            Por conseguinte aquele Deus que quer tratar os seres humanos como seus amigos, manifesta dessa forma, o maravilhoso poder do seu amor. Os sacramentos representam, portanto, em nossa vida pontos de encontro historicamente mais intensos com Deus. Por conseguinte, Deus nos convida, se entrega e somente espera o nosso sim para realizar uma aliança conosco.
           
CRISTO SACRAMENTO DE DEUS
            Na pessoa de Jesus, o Filho eterno que se fez homem, a glória de Deus tornou-se visível para nós. Em Jesus o mundo de Deus e o mundo dos homens se encontraram sem divisão ou separação. Por isso, Jesus Cristo é o lugar de encontro com Deus.
            Reconhecer Jesus como Sacramento original significa, antes de tudo, confessar que por Ele é nos oferecida a suprema dádiva do Pai. “Se Deus está conosco quem está contra nós”.
            Além disso, o Verbo feito carne introduz, graças à sua natureza humana, Cristo Jesus como Sacramento do mundo. O sacramento de Deus e sacramento do homem Cristo é, em si próprio, a aliança de dois mundos, aquele em que o céu e a terra se encontraram.

A IGREJA SACRAMENTO DE CRISTO
            O Filho de Deus deseja estar sempre perto de cada coração e, é pelo Espírito Santo que a graça do Redentor visita todas as situações humanas. É pelo Espírito Santo que o ressuscitado vem ao encontro do ser humano em cada período da história.
            Nessa atuação do Espírito Santo realiza-se através de uma intermediação desejada pelo Senhor chamada Igreja, povo de Deus, Sacramento de Cristo. A Igreja ela é comparada ao Mistério do Verbo feito carne, pois a Igreja como um corpo que está a serviço do Espírito de Cristo, que o vivifica, com vistas a um crescimento desse mesmo corpo.
            Enquanto sacramento de Cristo, a Igreja é sinal vivo dele, sinal totalmente voltado para ele e espelho que reflete luz como humilde luz nesta noite que é o mundo. Pois, enquanto durar, nossa peregrinação rumo à Pátria futura, a Igreja, é o ambiente privilegiado do nosso encontro com Deus.
 A Igreja, também é antecipação da eternidade, reino de Deus. Na vitória do Senhor ressuscitado ela encontra forças para superar com paciência e amor suas aflições e problemas e para transmitir fielmente ao mundo o mistério do Senhor.

OS SACRAMENTOS DA IGREJA
            A Igreja responde ao convite da sociedade de hoje:   “Vinde e Vede”, como disse Jesus aos seus discípulos. Mas, a Igreja não só mostrando a presença de Jesus em toda comunhão fraterna e indicando, por sua vez, caminhos de encontro no qual opera a graça no mais profundo do coração humano, mas objetivando que essa mesma graça acontece pelos sacramentos.
            Nestes atos que a Igreja realiza é Cristo que se torna presente, atuando por meio da comunidade, pois através de seus ministros é o próprio Cristo que prega a Palavra, santifica e sustenta seu corpo que é a Igreja. Os sacramentos são aquele encontro concreto onde visualizamos e experimentamos a presença de Cristo. A celebração de cada Sacramento é, pois, um evento da graça, uma experiência daquela dádiva de amor que o Pai concedeu a cada um de nós ao entregar seu filho por amor de nós.

CELEBRAR OS SACRAMENTOS
            Para o cristão celebrar os sacramentos é levar a Cristo a verdade da própria existência. Na liturgia dos sacramentos visualizamos que a graça se apresenta no dia-a-dia do ser humano como antecipação e penhor da eternidade com Deus.
            A liturgia contém uma grande riqueza, porque expressa e realiza o ingresso da alma fiel no seio da Trindade. Na liturgia o cristão não está perante o Eterno, mas mergulhado nesse mistério profundo de amor.
            Quando celebramos os sacramentos mergulhamos no mistério trinitário no qual se dirige a Deus Pai, através do Filho, pela dádiva do Espírito Santo. É um cântico de fé e de amor para os que peregrinam no tempo.
            O Amém, que através de nossa vida, pronunciamos significa vivenciar a graça sacramental. Mas, esse vivenciar só acontece com quem celebra os sacramentos em espírito de ação de graças e intercessão penetrando na vida de Deus, Trindade de amor unido a Cristo.
            Celebrar os sacramentos significa, então, vivenciar o encontro com Cristo transformador de toda a nossa vida e através do qual nossa alma é abraçada e amada pelo Deus vivo.

OS SACRAMENTOS DE INICIAÇÃO
            O encontro com Cristo exige de cada cristão uma caminhada, tanto de Fé, como de adesão ao seu projeto. É um encontro que se insere no tempo, transformando o tempo a tal ponto que o torna inesquecível.
            Esta caminhada pode ser denominada como Iniciação Cristã, pois, desde tempos muito antigos a Igreja reconhece o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia como etapas indispensáveis da caminhada necessária para se ingressar na comunidade e dentro dela vivenciar Cristo.
O BATISMO
            O batismo com água em nome da Santíssima Trindade é o ato desejado pelo Senhor para dar início à vida da nova criatura naqueles que abriram sua alma para a palavra da vida. Pelo batismo somos sepultados com Cristo na sua morte, para que como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos por meio da glória do Pai, assim também nós possamos ressuscitar com Ele.
            O Batismo ele acontece por uma atração da fé em Deus, ou seja, um despertar de Deus na vida humana. Graças ao batismo podemos nos dirigir a Deus e o chama-lo de Pai e sentir a sua ternura de nos abandonarmos em suas mãos até nas situações mais exigentes e difíceis.
            No caso do batismo de crianças, esse ato é realizado em vista da fé de uma comunidade reunida, pois a criança ainda não pode autenticar a sua fé verdadeiramente em Cristo. A comunidade se compromete em ajudar no crescimento da fé do recém-batizado.
            O batismo é o encontro com Cristo no itinerário do seu Mistério pascal, porque ao experimentar o sofrimento e a morte poderá se transformar e na sua própria caminhada poderá experimentar em si próprio a obra de reconciliação com Deus e entre os seres humanos.
            O sacramento do encontro com o Pai e com o Filho, o batismo é, finalmente, o sacramento da atuação do Espírito Santo. É através do Espírito que se realiza o perdão dos pecados e a adoção filial que liga a pessoa batizada ao Pai. Pois como em (Rm 8,9): “quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a Ele”.
            Se somos o corpo de Cristo graças a esse dom recebido no batismo, que o cristão, entende, não estar sozinho, pois, doravante faz parte da família de filhos de  Deus, na qual o Espírito Santo comunica a cada um os seus dons em vista do proveito comum, ajudando a todos a viverem aquela união com Cristo.

A CONFIRMAÇÃO
            Com o crescimento na vida cristã, acrescenta-se ao batismo uma comunicação especial do Espírito Santo que se realiza mediante uma oração e imposição das mãos, é uma confirmação e renovação do dom recebido.
Tanto no sacramento do Batismo como no da Confirmação não existe uma distinção, nem separação, mas uma complementação e atualização. Em ambos são atualizados na vida do fiel os mistérios da Páscoa e de Pentecostes. Na transição que existe do Batismo até a Confirmação o cristão é convidado a testemunhar perante os outros a sua convicção cada vez mais firme de ser uma nova criatura em que foi um dia transformado.
Pois bem, a pessoa batizada passa da consagração batismal a Deus a assumir sua Missão atuante no exercício da Igreja.
Também na Crisma, a presença viva e atuante da Trindade é decisiva. Se o batismo transformou o cristão em filho enxertado no Filho, na confirmação o enriquece com um vigor novo e especial do Espírito Santo.

A EUCARISTIA
A Eucaristia é a culminância e a fonte de toda a vida da Igreja, o sacramento da união de todos os seres humanos com Deus e entre si. O Senhor congrega o seu povo, e a Eucaristia faz a Igreja, ou seja, uma grande ação de graças.
A última ceia foi celebrada por Cristo num contexto hebraico, na santa ceia Jesus confiava aos seus o memorial da nova Aliança estabelecida mediante o seu sacrifício pascal, que a ceia antecipa e anuncia.
O Sacramento da Eucaristia celebrado sempre foi escolhido por Jesus Cristo: ao partir o pão da fraternidade e condividir o cálice do vinho da opção comum acontece a obra salvífica de Deus Pai doada por Cristo, no Espírito Santo. Por quanto quem preside a Eucaristia o faz em nome de Cristo enquanto cabeça do Corpo que é a Igreja, o Bispo ou Presbítero representam em nosso tempo os quais Jesus confiara aos apóstolos a celebração do seu memorial. É através da Eucaristia que a Igreja expressa a sua unidade dentro da variedade dos carismas que o Espírito Santo enriquece.
Na celebração da Ceia do Senhor, a presença da Trindade apresenta uma evidência especial: a eucaristia é ação de graças ao Pai, memorial do Filho e invocação do Espírito Santo. A ação de graças é dirigida a Deus pelos benefícios dele recebidos.
Enquanto o memorial do mistério pascal do Filho, a Eucaristia é o Sacramento do sacrifício de Cristo, memorial de sua morte e ressurreição, tende, então a despertar uma vida pascal nos que por via do Ressuscitado encontram a vida e irradiam a vitória da morte sobre o pecado.


OS SACRAMENTOS DE CURA E DE SERVIÇO À COMUNIDADE
            Os sacramentos de iniciação cristã iniciam os seres humanos na participação da vida divina, que a Trindade tornou possível na história. Mas, no decorrer de toda a história humana somos atingidos por condicionamentos e desafios próprios do contexto de cada um, tanto no plano pessoal como comunitário.
            No plano pessoal quem encontra Jesus continua a se reconhecer falível e até pode experimentar uma queda, também o cristão passa por enfermidade e experiência de morte.
            Estas situações que vivenciamos são típicas da condição humana marcada pelo pecado original, o que vem atender os sacramentos da cura. A Penitência e a Unção dos Enfermos socorrem a pessoa na sua fragilidade, nas situações de pecado e de doença, atingindo-a com o poder terapêutico da graça divina no mais íntimo dos corações. O Senhor Jesus por meio da Igreja continua a sua obra de curar e devolver a vida.

A PENITÊNCIA OU RECONCILIAÇÃO
            De certa forma não podemos encontrar a Cristo e permanecermos da mesma forma, se realmente o encontramos dentro em nós alguma coisa se transforma, Ele não te deixará indiferente.
            Se alguém está em Cristo as coisas antigas se passaram e uma nova realidade apareceu. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo, não levando em conta os pecados dos homens e confiando a nós o ministério da reconciliação.
            A reconciliação é o sacramento onde Cristo socorre a fragilidade do ser humano que havia rejeitado a aliança com Deus.
            Na história da Igreja a penitência como sacramento foi praticada com grande variedade de formas: comunitária e individuais. Todas elas mantinham a estrutura do encontro entre o pecador arrependido e a misericórdia do Deus vivo.

A UNÇÃO DOS ENFERMOS
            O sacramento da Unção dos enfermos vem ao encontro da fraqueza humana nas horas de doença e enfermidade. Ele manifesta a vitória que o Senhor conquista sobre o pecado e suas consequências. Jesus ensinava e curava toda a sorte de doenças. Também esse poder de ensinar e curar as doenças foram repassados aos apóstolos.
             No Sacramento da Unção a presença da Trindade está intimamente ligada. Em relação ao Pai, a unção é o sacramento da oferta dos sofrimentos. Em relação ao Filho, a administração deste sacramento da unção vem associar o padecer do ser humano aos padecimentos de Cristo. E, em relação ao Espírito Santo, a unção consolida a comunhão solidária dos enfermos com a Igreja inteira através deste vínculo efetuado pelo consolador, graças ao qual a comunidade e o indivíduo se auxiliam reciprocamente.
            Na unção acontece um encontro sacramental da Trindade com a doença e o sofrimento humano, manifestando, assim, a possibilidade de um sofrimento salvífico.

A ORDEM SACRA
            Para uma vocação específica, ou seja, um chamado para uma vida de ministério o Senhor usa de instrumentos para realizar esse mesmo chamado, mas, em contrapartida ele chama quem Ele quer. O ministro ele tem a função de ligação entre a Igreja e o Senhor. É por esse intermédio que o próprio Cristo fala em nome do ministro.
            Esse ministério apostólico acontece e será designado como ordem. A exemplo, da Carta aos Hebreus o ministro da união foi designado sacerdote. O sacerdote, desde o início, ele é escolhido por uma comunidade para se fazer a serviço dela.
            O sacerdote ele deve respeitar a vocação de cada um e ser modelo de humanidade. Ele é o homem da fronteira representando Cristo cabeça. O ministro ordenado é chamado a viver a sua vida em favor dos outros. Ele deve afeiçoar-se às misérias humanas e ao mesmo tempo ser grande e pequeno para poder acolher a todos.
            O sacramento da ordem abrange três graus: o diaconato, o presbiterado e
o episcopado.
            Há uma relação intima entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo na sagrada ordem, pois quem recebe esse dom passa ter caráter de consagrado ao Senhor em favor do povo. É a partir do Sacramento da Ordem que a Trindade passa, então, a fazer parte da história dos seres humanos, despertando laços de união entre eles e deles com Deus. 
O MATRIMÔNIO
O homem e a mulher se unem numa íntima ligação, aquela união primitiva criada por Deus, uma completude do ser, mas, também a natural vocação ao amor recíproco.
O vínculo matrimonial efetivo já foi citado desde o Antigo Testamento, também no Cântico dos Cânticos como símbolo de relacionamento amoroso entre Deus e o seu povo.
 Jesus apresenta a aliança matrimonial como uma dádiva e um compromisso muito sublime. Desde o início, a Igreja considerou o vínculo matrimonial como um vivo sinal da união nupcial entre Cristo e a Igreja. O matrimônio e a vida consagrada são duas vocações que provêm do Eterno e elevam os seres humanos a celebrarem a glória de Deus.
O Sacramento do matrimônio vem situar os esposos dentro de um novo e vivificante relacionamento com a Santíssima Trindade. Em relação ao pai, o matrimônio se apresenta como um ato através do qual os noivos se consagram ambos a Deus.
Em relação ao Filho, o vínculo matrimonial simboliza a união indissolúvel entre Cristo e a Igreja.
Em relação ao Espírito Santo, a realização do sacramento do Matrimônio é apresentada como símbolo e instrumento de aliança.
Os laços com a Santíssima Trindade, selados com o sacramento do matrimônio, transformam os esposos em imagem viva do amor eterno, alimentando neles, na comunidade Igreja, um espírito de diálogo e solidariedade.

REZAR OS SACRAMENTOS  
            A celebração dos sacramentos ela deve ser vivenciada num profundo espírito de Fé e de oração. Deve ter uma sincera abertura de coração e uma resposta de compromisso e adoração.
            Quando o cristão reza, ele não está diante de um desconhecido, mas vai habitar em Deus, através do Filho e no Espírito Santo, como Filho inserido no mistério do Pai.
            Na oração o fiel se coloca diante do Pai, fonte de todo o dom perfeito. É o Pai que toma a iniciativa de amor, enviando seu filho, Salvador e o Espírito Santo. Também, na oração há uma intima ligação com o Filho, Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote da nova aliança, mediante a reapresentação do seu mistério pascal.
            A vivência da oração nos leva também a imitar Cristo glorificado. Com isso, a liturgia se apresenta como fonte de paz e como participação viva no poder daquele que venceu a morte.
            A oração ela se efetua no Espírito Santo. É o amor que ama seu Filho que é o amado, sendo também o vínculo de amor divino que desperta a comunicação e a paz no íntimo dos seres humanos.

CONCLUSÃO
            O sacramentos e a sua eficácia transformam o cristão, ou seja, esse encontro que acontece nos sacramentos realizam no ser humano uma dádiva divina onde Deus veio habitar em nossos corações.
            Nos sacramentos Cristo se doa inteiramente ao cristão e o enche da vida divina, independentemente das condições subjetivas do ministro que celebra o sacramento. Chama-se ex opere operato, ou seja, em virtude da própria ação e quer expressar a certeza de que Deus é fiel aos seus compromissos.
            A vivência dos sacramentos exige um seguir o Senhor que consiste na base de viver unido a Ele através do Pai, no relacionamento com os outros e fortalecido com o Espírito Santo.
            Finalmente, vivenciar os sacramentos significa constantemente estar sob o efeito da graça que nos fortalece, experimentando a intimidade do consolador vindo fazer parte da história humana que nos enche de coragem e afirma a decisão de sempre amar.










REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FORTE, Bruno. Introdução aos Sacramentos. Trad.: Georges I. Maissat. São Paulo: Paulus, 1996. 

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