Apostilas para cantores


 

O Canto Litúrgico
Em uma Celebração litúrgica podemos destacar duas formas de expressão pelo canto para que se cante a Liturgia. O primeiro se dá pelos cantos rituais que são: O primeiro é o canto do Kyrie Eleison. Este canto faz parte da liturgia, ou seja, da celebração da Missa, ele não é o ato penitencial, mas nas celebrações ele foi introduzido no ato penitencial. O Salmo Responsorial deverá sempre ser cantado, pois, ele é uma forma bíblica de resposta do povo a Deus. O canto de Aclamação ao Evangelho, ele pode ser trazido como aleluia no tempo pascal e também nos outros tempos litúrgicos como cantos diferenciados. Entretanto, nas semanas da quaresma ele é trazido sem o aleluia. O Santo e o Cordeiro também são cantos fixos.
Nesse momento destacam-se os cantos que acompanham uma ação ritual. Eles são: canto de procissão de entrada, canto de procissão das oferendas e o canto de comunhão.
O canto como “parte integrante e necessária da Liturgia” (SC 112), por exigência de autenticidade, deve ser a expressão de fé e de vida cristã de cada assembleia. O canto é uma das expressões mais profundas e autênticas da Liturgia e possibilita uma participação individual e comunitária dos fiéis.
Se a música for como de fato requer a liturgia, será um sinal que nos leva do visível ao invisível um carisma que contribui para a edificação de toda a comunidade, corpo místico de Cristo.
O canto litúrgico em uma comunidade celebrante demonstra o aspecto eclesial da celebração.
O canto litúrgico em uma celebração deve ser a expressão comum da participação do povo, por isso, não deve se tornar privilégio de um grupo somente ou de uma pessoa. Uma forma de a comunidade reunida participar e também contribuir para que os cantos sejam desempenhados bem são os volumes dos instrumentos musicais e microfones. Eles são importantes, mas não em volume exagerado, dessa forma, acabam dispersando mais a assembleia do que reunindo e propiciando uma beleza especial da liturgia.
Poderá ser feito o exercício do uso dos microfones e a maneira de usá-lo de acordo com cada pessoa.
Quanto às músicas escolhidas para as celebrações que a linguagem musical expresse de fato a oração e a fé do povo orante nas diversas comunidades eclesiais.
            Devemos dar uma importante atenção a todas as letras das músicas litúrgicas, pois, em muitas situações é dado mais atenção às melodias, tirando, com isso, o sentido das palavras e a verdadeira mensagem evangélica contida na música.
            Sempre, lembrar, de cultivar uma espiritualidade litúrgica, pois o canto é um ministério e são os animadores do canto litúrgico que ajudam para que haja um mergulho no mistério de Cristo e da Igreja.

Espiritualidade da voz
Como poderíamos dizer algo sobre a voz humana e a sua espiritualidade? Podemos afirmar que quem canta reza duas vezes, ou seria também entrar em contato com nosso ser e assim liberarmos nossas mais sinceras expressões.
            Pois bem, o cantor litúrgico mergulhando em uma espiritualidade. Nós que cantamos a liturgia refere-se a arte, mas não a arte como sucesso ou formas de sucesso para si. Portanto, refiro-me à arte na sua mais nobre expressão a expressão da voz, como uma vivência coletiva, ou seja, fundamentada numa espiritualidade da coletividade, comunitária.
            O cantor litúrgico poderá se perguntar, mas como conseguir?
            Poderá conseguir somente após repetir sempre o que deseja comunicar e compartilhar. Viver cada acento, cada palavra, cada significado. Experimentar, pela sua própria visão, sensação, experiência e reflexão, assim como faz o artista. Precisa criar sua cena interna daquilo que comunica, pois precisa passar de uma cena interna superficial para uma relação de intimidade. Buscando as sensações em seus afetos, deve passar a seus colegas o que concebeu. Deve procurar construir a sensação coletiva com o grupo de música para que se possa expressar algo.
           
A voz humana
           
Pela voz humana nos expressamos, comunicamos emoções, condições físicas, apontamos o que somos e fazemos. O simples fato de ouvirmos alguém nos traz as mais complexas imagens e sensações.
            Com a voz humana, formamos imagens, sentimos alegria ou tristeza. A voz nos toca diretamente. Ela vem e nos invade assim como invadimos o outro que nos ouve. A voz é o primeiro instrumento e movimento de expressão humana.
            A voz é tanto objeto da comunicação como também o caminho de um conhecimento mais profundo sobre nós mesmos. Ela tanto comunica e nos liga com o exterior como com o nosso interior.
            No documento “a música litúrgica no Brasil” diz: “onde há manifestação de vida comunitária existe canto; e onde há canto celebra-se a vida.” O ato do canto põe em ação o homem inteiro. Passando da palavra para o canto a voz se desvela mais forte, mais clara, mais sonora, mais alta. A voz cantada ilumina a palavra e todo o ser.
            Com toda essa atitude de palavras serem diferentemente entoadas, como canto, pode se criar a ilusão de ser fácil cantar. Mas, com um direcionamento e técnica apropriada pode se criar um resultado homogêneo.
            O canto é uma conquista! É uma busca constante de nós mesmos. Pois, quanto mais nos conhecemos e nos aceitamos, mais podemos nos colocar diante do outro. Mesmo, para aqueles que têm facilidade, devem se desenvolver e a manutenção é sempre necessária.
            É pelo corpo e o conhecimento do corpo que nos aproximamos cada vez mais do controle de nossa voz. Controle quer também significar liberdade. A liberdade de expressar o que desejamos e não somente o que somos capazes de fazer por limitações.

Técnica Vocal
O que vem a ser Técnica vocal?
Chama-se técnica vocal o conjunto de meios que utilizamos para dar o sentido desejado a alguma fala ou canto.

Primeiro exercício:
Respiração. A respiração sempre tem um destaque no estudo do canto. É comum começarmos um trabalho vocal abordando a questão respiratória porque nela reside o controle da pressão do ar.
À respiração é atribuída a responsabilidade pela boa qualidade vocal, porém, cada cantor tem sua “receita” para respirar bem. 
            Uma das principais dicas é a postura ou a melhora postural para alcançarmos uma boa respiração do ar e, com isso, podemos brincar de mudar nossa postura e assim aprendermos mais a usufruir de nossa voz.
Exercícios com a bola. Esse exercício poderá ser feito em casa. Com a melodia do i-e-a.
            Um segundo exercício que faremos será para melhorar nossa postura e respiração. Fique de pé e em posição ereta vire seu pescoço para o lado esquerdo e segure sua visão em um ponto, depois faça a mesma coisa para o lado direito. Em seguida, massageie seus dedos do pé direito e vire bem devagar seu pescoço para o lado esquerdo. Faça a mesma coisa para o outro lado. Com esse exercício manteremos uma melhor postura e nossa respiração estará mais livre para podermos cantar.

Segundo exercício:
A percepção do som, a escuta interior.
 Faixa 2 e 3
Quando escutamos a nós mesmos e o que nos circunda, abrimos a possibilidade de sentir, de usufruir do benefício da vida.
            Quando estamos cantando, estamos lidando com o som e o silêncio durante todo o tempo. Por meio do jogo entre som e silêncio somos capazes de expressar musicalmente a palavra de Deus.

Exercícios: vru, (lábios) i-e-a, ma-ma-ma.
Segue-se agora os exercícios da folha nas quatro melodias. Podem ser realizadas várias vezes. Em seguida, canta-se a música: “Vem Espírito”.



“Entoai juntos salmos, hinos e cânticos espirituais; cantai e salmodiai ao Senhor, de todo o coração!” ( Efésios 5,19)


Elementos da Liturgia Fundamental

O que é celebrar? O ser humano necessita deste encontro com o outro e nas mais diversas formas de celebrações, esse encontro acontece.
Liturgia: é uma ação em benefício do bem comum. O CIC fala que a Liturgia é uma obra da Santíssima Trindade executada por Cristo, através do seu corpo místico que é a Igreja, em favor de toda a humanidade. (Diretório Litúrgico-Diocese Ponta Grossa, p. 08) 

O termo Liturgia  Laós +ergón
         Povo +ação à Em última instância é a ação de Deus em relação ao povo. A Liturgia é o Múnus Sacerdotal de Jesus Cristo. Um dos sinais é: a comunidade reunida.

Quem celebra? No documento da Igreja Sacrossantum Concílio, “Cristo cabeça e nós somos os membros”. Pois, todos celebram. Nós somos um corpo conduzido pelo Espírito. A Igreja toda ela é ministerial. Podemos destacar três formas de Ministérios Litúrgicos existentes na Igreja:
Aqueles exercidos pelos ministros ordenados (bispo, padre e diácono); outros pelos ministros instituídos (leitor e acólito); e aqueles também que são desempenhados de forma estável e ocasional por homens e mulheres. Neste caso incluem os que desempenham a função do canto Litúrgico. Portanto, nós servimos a Deus e Deus nos serve em cada pessoa.

Quem canta na Liturgia?
Qual a função do Ministério Musical-Litúrgico?
É prestar um serviço, ou seja, garantir a devida execução e auxiliar a ativa participação da Assembléia. Não deve ser tomado como espetáculo, mas, sim, um sacrifício de amor em relação ao corpo de Cristo que é a Igreja.
Ministérios: Os ministérios devem contribuir para que o povo participe da Celebração.
Regente, animador, coral, grupo de cantores, instrumentistas, salmistas e a Presidência. Lembrar sempre que a voz humana é o principal instrumento.
            No documento Verbum Domini nº 70 diz: Tenha-se presente sempre o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra Divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música.
            Em todas as partes desse imenso Brasil existem homens e mulheres que cuidam do canto e da música nas celebrações. Embora constituindo um verdadeiro ministério litúrgico, nem sempre esse importante serviço vem sendo desempenhado da maneira mais apropriada. A maioria desses “ministros” necessita de uma formação litúrgica básica.
1.    A falta de critério teológico-litúrgicos para a escolha dos cantos;
2.    A maneira incorreta de tocar instrumentos musicais;
3.    Falta de entrosamento entre instrumentistas, grupo de cantores e assembleia.

Pergunta: Como se dá a participação da assembleia no canto e na música em sua comunidade?


 


História da Música
História da Música é estudo das origens e evolução da Música ao longo do tempo. Como disciplina histórica insere-se na história da arte e no estudo da evolução cultural dos povos. Como disciplina musical, normalmente é uma divisão da musicologia e da teoria musical. Seu estudo, como qualquer área da história, é trabalho dos historiadores, porém também é frequentemente realizado pelos musicólogos.
Em 1957 Marius Schneider escreveu: “Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita europeia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não europeia e finalmente da música pré-histórica."
Há, portanto, tantas histórias da música quanto há culturas e espaços no mundo e todas as suas vertentes têm desdobramentos e subdivisões. Podemos assim falar da história da música do ocidente, mas também podemos desdobrá-la na história da música erudita do ocidente, história da música popular do ocidente, história da música do Brasil, história do samba, e assim sucessivamente.
A voz humana é uma verdadeira amostra de nossa personalidade, de nossas emoções e sentimentos. É através dela que exercitamos a linguagem falada e temos a possibilidade de utilizar palavras, cantar, rir, chorar...
Muitas vezes nem é a palavra que comunica, é a própria voz. Porém, utilizamos a voz de maneira tão automática que muitas vezes nem percebemos. Um exemplo: é comum telefonarmos para alguém e com um simples “alô”, já conseguimos notar ou supor se a pessoa está desanimada ou alegre, fechada ou mais receptiva, se é criança ou adulto,  se é homem ou mulher. Quanta informação, não é mesmo? Conseguimos até perceber se a pessoa acabou de acordar! Aí dizemos: “Desculpa, eu te acordei?” e quase sempre respondem “Não, imagina, eu já estava acordado!”. É, a nossa voz reflete o nosso estado físico e emocional. Ela é pura e verdadeira comunicação!

Grupo de cantores
O que é? A função e o lugar do coral na liturgia.
O coral consiste num grupo de cantores escolhidos em uma comunidade e dirigidos por um mestre. O grau de especialização técnica de um grupo dessa natureza varia de acordo com a medida de conhecimento técnico-musical dos cantores e de seu regente. A função dos cantores é prestar um serviço. Vale lembrar que não é um repertório, mas a sua função litúrgica consiste em garantir a participação ativa dos fiéis no canto.
Após o Concilio Vaticano II com a reforma litúrgica, o coral foi incentivado em desempenhar com mais beleza ainda o seu papel. Pois, anteriormente só poderiam serem usados uma forma de instrumento que era  o órgão de tubos. Também não foi abolido o uso do órgão, mas pode ser usado mais de um instrumento, como, por exemplo, os instrumentos de cordas.
As vozes que eram cantadas uníssonas puderam ser enriquecidas com mais de uma voz e arranjos vocais, os quais sendo bem desempenhados poderão ajudar a celebração a ficar mais harmoniosa e mais celebrativa.

Pergunta: Na sua comunidade há um grupo de cantores que sustenta e anima o canto da assembleia? E como se dá a integração entre cantores e assembleia?







O salmista
            Os Salmos têm uma função muito importante nas celebrações, pois eles contam a história de Deus na vida dos seres humanos. O salmo responsorial “é parte integrante da liturgia da Palavra”. É, na realidade, uma leitura cantada. É onde Deus dirige Sua Palavra para o povo reunido.
Entre o salmista cantando e a assembleia respondendo, torna-se um coro de resposta a Deus pelos seus prodígios. Essa sintonia constitui uma sintonia espiritual (corpo, mente e coração) de quem canta o salmo para que seu conteúdo atinja a todos de forma plena e frutuosa.  
O salmista, primeiramente, deve ter contato com a Palavra daquele dia da celebração em que ele irá cantar o Salmo. Estará emprestando sua voz para que Deus fale com seu povo. Para a pessoa exercer esse ministério deve obter uma formação bíblico-Litúrgica; espiritual; musical e formação prática, ou seja, para manusear o lecionário ou hinário litúrgico, microfone e conhecer várias formas de melodias para os salmos.
Enfim, o (a) salmista desempenhará de forma eficaz seu ministério, ou seja: cantando o “canto novo”, deixar-se levar pela ação do Espírito Santo, tanto na preparação como no momento da celebração.
Devemos ter muito cuidado na execução do salmo, pois por ele a comunidade pode, ou não fazer uma experiência com a espiritualidade dos salmos.

Perguntas: Como está o ministério de salmista na sua comunidade?
Como se dá a preparação litúrgica, espiritual e técnica da sua comunidade?
Sua comunidade conhece a Leitura Orante?






O canto do (a) Presidente na Ação Litúrgica
            Para que tenha um bom funcionamento na ação litúrgica, que são um grupo de pessoas, por mais simples, que seja a sua organização precisa que seja dirigida por alguém.
            O presidente da Celebração deve ter adquirido a “arte de presidir”. O Ministério de quem celebra leva os participantes a mergulharem no Mistério, as pessoas que estão celebrando junto, fazendo parte desse mesmo corpo. Essa pessoa que celebra faz os outros participarem do Mistério de Cristo, cabeça da Igreja.
            Por isso, uma função importante é a do canto nas celebrações. O cardeal de Bruxelas nos diz: “A liturgia ocidental tornou-se uma ‘verbosidade’. A liturgia tornou-se, essencialmente, questão de discurso ou falação…” (A liturgia quarenta anos após o Concílio. G. A. DANNEELS).   

Quem preside na sua comunidade costuma cantar as partes que lhe são próprias?
            Porque se dá grandiosa importância a um acesso “intelectual” da liturgia. Não se deixa bastante espaço à imaginação, ao afeto, à emoção, e à estética bem compreendida. O novo Missal Romano (3ª edição típica em fase de tradução) traz, no corpo do Missal, sugestões de melodias para o presidente. Todas as preces eucarísticas terão melodias próprias. Desde o “diálogo inicial” até o “Amém” da doxologia final.





Cantando a Missa

Agora apresentaremos uma série de pequenos estudos sobre alguns dos cantos e a sua função ministerial na liturgia eucarística.

1-Canto de abertura: A finalidade do canto de abertura é constituir e congregar a assembleia no mistério que será celebrado. O canto de abertura é o primeiro passo para uma ação litúrgica.
Exemplo de canto: “Senhor, vem salvar teu povo”. L.: Mª de Fátima Oliveira, M.: José Weber.
Características da música:
a)    Coloca o povo diante de Deus. O povo reunido é o primeiro elemento litúrgico.
b)    Essa assembleia clama sem cessar no Advento: “Vem Senhor Jesus”. Este é um elemento teológico presente em todas as estrofes, também está presente um clamor emergente: “Vem, Senhor, vem nos salvar! Com teu povo, vem caminhar!”

2-Senhor, Tende piedade de nós: O Senhor, tende piedade ou “Kyrie[1], Eleison” pertence ao bloco de cantos que acompanham um rito da celebração. É um canto invocando a misericórdia do Senhor.
            Em alguns casos, o Kyrie Eleison é como uma invocação, após o ato penitencial. O Kyrie, ele se dirige a Cristo, não deve ser tomado como uma invocação à Santíssima Trindade como foi interpretada por muito tempo.
Exemplo musical: “Senhor, tende piedade” M.: Joel Postma.
Características da música:
No exemplo, observam-se três invocações nas frases musicais. O autor usou somente cinco notas musicais na escala de F#, e nem, por isso, a melodia não se tornou bela. Quando o texto é cantado por um solista, o acompanhamento instrumental deve ser sóbrio, pelo fato, de que se ouça a voz de quem está cantando, mas quando há a intervenção da assembleia, os instrumentos poderão tocar com mais vigor.


3-Glória: O Glória é um hino que remonta os primeiros séculos da era cristã. O hino do Glória é um hino de louvor, glorificação. Canta-se o Glória do Pai e do Filho, porém o Filho se mantém, no centro do louvor, aclamação e súplica.
O hino do Glória pode ser dividido em três partes:
1-    O canto dos anjos na noite do nascimento de Cristo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”.
2-    Os louvores a Deus Pai;
3-    Os louvores seguidos de súplicas e aclamações a Cristo;
O Espírito Santo se encontra relacionado com o Filho, pois é nele que se encontram os louvores e as súplicas. Mas, quem está no centro de todo o hino é Cristo.

À primeira vista, parece ser fácil executar o Glória, mas não é bem assim. Muitas comunidades já o recitam corretamente com toda vibração e sentido teológico. Fica um apelo; que tal, aos poucos, irmos abandonando aqueles “glorinhas” com três linhas de melodia que pouco tem a ver com o “Glória” da mais genuína tradição da Igreja?

4-Salmo Responsorial: O costume de cantar o Salmo nas liturgias remonta os primeiros séculos da história do cristianismo. Os santos Padres da Igreja consideram o Salmo como uma leitura cantada.
Características:
·         O Salmo de resposta, quer dizer que quando o salmista entoa num sentido dialogal entre ele e a assembleia vem para responder à palavra de Deus proclamada na primeira leitura (perícope); é Deus falando com seu povo.
·         O Salmo tem valor de leitura bíblica;
·         O Salmo também é um canto integrante da liturgia;
·         Nos domingos e festas, deve ser cantado;
·         O refrão deve ser uma melodia fluente, precisa e de fácil assimilação;
·         A melodia das estrofes caminha numa direção de recitativo livre.

5-Aclamação ao Evangelho: Afinal, o que é uma aclamação?
A palavra aclamação vem do verbo aclamar, que significa aplaudir ou aprovar.
Uma aclamação ao Evangelho que se preze, deve ter ritmo vigoroso e melodia brilhante. O clima geral será de expectativa, de prontidão, pois o Senhor nos vai falar. É a Palavra do Mestre e, para que assim aconteça os instrumentos e vozes devem ressoar com o máximo de expressividade.
Características:
a)    Um refrão composto de um ou mais aleluias (exceto na Quaresma).
b)    Um versículo, normalmente ligado com o Evangelho que será proclamado.
O canto de aclamação ao Evangelho é um canto que acompanha uma ação ritual.

6-Canto das Oferendas: O rito da procissão das oferendas vem acompanhado de um canto da procissão das oferendas. Quando os dons do pão e do vinho são apresentados no altar.
           Quando há somente a apresentação do pão e do vinho pode ser entoado um canto para esse momento.
Características:
a)    O canto da procissão ou da apresentação das oferendas deve criar um ambiente de alegria, partilha e de louvor.
b)    O canto deve sensibilizar os fiéis para um espírito de gratuidade e partilha. Apesar de que o texto do canto não fale de pão e de vinho, nem de oferecimento e oblação.
c)    Pesquisar e analisar bem nas escolhas desses cantos.
O canto da procissão das oferendas é um canto que acompanha uma ação ritual.

 7-Santo: O “Santo” é um dos pontos altos da prece eucarística. Concluindo o prefácio, a assembleia canta em um só coração e uma só voz, unindo-se ao coro dos anjos e santos a cantar os louvores a Deus.
Características:
a)    A primeira parte: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo, o céu e a terra proclamam vossa glória…,reproduz o louvor celeste dos serafins, conforme Isaías 6,3.
b)    A segunda parte: “Bendito é o nome do Senhor…”exprime o brado de triunfo do povo de Deus que acolhe e aclama o Messias, o Salvador.
c)    A palavra “Hosana”[2] nas alturas.

8-Cordeiro de Deus: O Cordeiro de Deus é uma prece litânica (em forma de ladainha). Esse canto é entoado no rito da fração do pão na Liturgia.
Características:
a)    A palavra Cordeiro aparece sempre referenciando a Cristo pelo seu sacrifício.
b)    João Batista já nos apresenta Jesus na escritura como: “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.[3]
c)    A expressão dai-nos a paz foi inserida posteriormente no século XIII.
Exemplo musical: Cordeiro, banda Shalon (já visto)

9-Canto de Comunhão: O canto de comunhão é um dos cantos mais antigos da liturgia eucarística.
Características: Ele deve exprimir pela unidade das vozes:
a)    A união dos comungantes.
b)    A alegria dos corações.
c)    Realçar a índole comunitária da procissão para receber a Eucaristia.
d)    Não se devem entoar cantos que tenham muita dose de subjetivismo.
e)    O canto de Comunhão deve demonstrar a eclesialidade da assembleia celebrante.
f)     Não se devem usar cantos que são utilizados em adorações ao Santíssimo.

Como conclusão reafirmamos o que o Concílio Vaticano II nos ensinou: a música e o canto só cumprirão plenamente sua função ministerial quando estiverem intimamente ligados à liturgia e ao momento ritual ao qual eles se destinam. Portanto, canto e música são “parte integrante” da ação litúrgica.



Cuidados com a voz
Evitar:
1.O cigarro: a nicotina associada ao calor da fumaça resseca as cordas vocais fazendo com que você fique rouco ou force ainda mais a musculatura para falar.
2.Não tome muito café e/ou Bebida alcoólica.
3.Bebidas alcóolicas esquentam a voz? Isso é mito. O que acontece é que o álcool, assim como substâncias como própolis, não esquenta a garganta. Na verdade, eles anestesiam a região por alguns minutos, mas, quando o efeito passa, o problema continua e, para driblá-lo, fazemos ainda mais esforço.
4. As bebidas e alimentos gelados momentos antes de usar a voz é conveniente que se evite.
5.Fuja do ar condicionado: além de comprometer as cordas vocais, ele altera a respiração, fazendo com que a voz fique ainda mais prejudicada.
6. Nada de muitos condimentos na comida: eles deixam a comida bem mais saborosa, mas, em compensação, podem provocar irritações nas cordas vocais.

Hidratação voz:
Investir:
7.Invista na maçã: Uma fonoaudióloga explicava que a fruta tem ação adstringente e, por isso, "limpa" as cordas vocais trazendo alívio e bem-estar. A cebola e gengibre também tem função adstringente.
8.O mel faz bem, mas por ser excessivamente doce, não deve ser usado antes de cantar, pois aumenta o volume de saliva.
9.O chocolate também aumenta a saliva por ser gorduroso e doce.
10.O sono é muito importante para quem canta ou irá cantar em uma data futura. Cantar exige intensa atividade física.
Cante sempre, cante a liturgia amorosamente. O canto aproxima as pessoas. Deixe-se levar pelo poder do Espírito e viva cada momento litúrgico integralmente, entregue-se.
Quando sentir o cansaço ou achar que não foi talhado para cantar, insista ainda um pouco, porque irá encontrar os meios para conseguir. Todos podem cantar desde que se dediquem.
Não desista nunca! Siga em frente!
REFERÊNCIAS

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2000.

DIRETÓRIO LITÚRGICO. Diocese de Ponta Grossa. 2006.

FONSECA Joaquim. Quem canta? O que cantar na Liturgia? São Paulo: Paulus, 2008.

MOLINARI, Paula. Técnica vocal: Princípios para o cantor litúrgico. São Paulo: Paulus, 2007.





[1] Kyrios: na língua grega: Senhor.
[2] Exclamação de alegria, de triunfo; salve. Também saudação jubilosa, aclamação ou cântico de louvor.
[3] Jo 1, 29-36.

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